domingo, 2 de janeiro de 2011

Lembrar.


"Vou te escrever carta e não mandar.
Vou tentar recompor teu rosto sem conseguir.
Vou ver Júpiter e me lembrar de você.
Vou ver Saturno e me lembrar de você.
Daqui a vinte anos voltarão a se encontrar.
O tempo não existe.
O tempo existe, sim, e devora.
Vou procurar teu cheiro no corpo de outra mulher. Sem encontrar, porque terei esquecido. Alfazema?
Alecrim. Quando eu olhar a noite enorme do Equador, pensarei se tudo isso foi um encontro ou uma despedida.
E que uma palavra ou um gesto, seu ou meu, seria suficiente para modificar nossos roteiros.
(Silêncio)
Mas não seria natural.
Natural é as pessoas se encontrarem e se perderem.
Natural é encontrar. Natural é perder.
Linhas paralelas se encontram no infinito.
O infinito não acaba. O infinito é nunca.
Ou sempre!"