sexta-feira, 31 de outubro de 2008

Saudade.

Eu amo tudo o que foi
Tudo o que já não é
A dor que já não me dói
A antiga e errônea fé
O ontem que a dor deixou
O que deixou alegria
Só porque foi, e voou
E hoje é já outro dia.


Eu vivo encontrando por ai gente que eu sinto saudades...um dia acontece com a gente.

quarta-feira, 29 de outubro de 2008

Memória.

Amar o perdido
deixa confundido
este coração.

Nada pode o olvido
contra o sem sentido
apelo do Não.

As coisas tangíveis
tornam-se insensíveis
à palma da mão

Mas as coisas findas
muito mais que lindas,
essas ficarão

Confissão.

“Confesso que lembrar dela hoje não foi bom. Não que eu sofra por algo, apenas acho estranho. Tudo parecia ser tão bom antes... Foram tantos dias de risadas, tantos projetos, tantos almoços, tantas conversas e até alguns segredos, acompanhados de uma mentira sem fim.Às vezes me pergunto como seria se tudo fosse como antes... Acho que não seria, para mim as coisas nunca são elas apenas acontecem.


E o incrível, é como as coisas são jogadas fora tão rapidamente... nem mais percebemos...”

sexta-feira, 24 de outubro de 2008

Visita.


Tendo a lua aquela gravidade onde o homem flutua, não merecia a visita de militares, mas de bailarinos e de você e eu, apenas...

segunda-feira, 20 de outubro de 2008

Nostalgia.

Sente o peito cheio, como se fosse ar, mas não é... É uma alegria profunda.
Sente as coisas evoluindo e os sentimentos colorindo.
Tem sonhos que jamais se realizarão, mas se contenta com sonhar...
Sonhar? O que se define por sonhar?

Seu mundo caiu, e se construiu novamente...
Perdeu o chão aos seus pés, eles se encontraram e continuaram perdidos, como sempre...
Vem e vão, como um circulo vicioso.
Ela só quer que tudo se ajeite novamente.
Ela só quer que sua loucura seja perdoada, assim como ela perdoou as palavras dele.

Lembranças II

Eu poderia pensar que conhecia, mas no fundo eu nem imaginava como seria. Nem ao menos tentei, passei horas me preocupando com coisas mais banais para satisfazer vontades, esqueci dos possíveis prejuízos e dos sentimentos alheios. Agora nada importa, o melhor é sumir. Fugir para um mundo onde não existiria o você, onde não existiria o eu.

Quem sabe assim algumas lembranças valeriam...

E no fim, ela não era tão chata assim, nem ele tão autoritário.
Eles apenas não se entendiam, sem se quer ter motivos.





Metade de mim é a lembrança do que fui, a outra metade eu não sei...

O Achado.

É difícil perder-se. É tão difícil que provavelmente arrumarei depressa um modo de me achar, mesmo que achar-me seja de novo a mentira de que vivo.





Por outro lado, estou hoje um pouco cansada e é sobre o prazer do cansaço dolorido que vou falar. Todo prazer intenso toca no limiar da dor. Isso é bom. O sono, quando vem, é como um leve desmaio, um desmaio de amor.

sábado, 18 de outubro de 2008

Parte III [real]

=Cáh. Estado: Condensado de Bose-Einstein diz:
o sol vai se por?
=Cáh. Estado: Condensado de Bose-Einstein diz:
=p
Felipe diz:
talvez sim
Felipe diz:
talvez esteja anoitecendo
=Cáh. Estado: Condensado de Bose-Einstein diz:
talvez o sol não volte mais
Felipe diz:
mas tem a lua para iluminar na sua ausência...
=Cáh. Estado: Condensado de Bose-Einstein diz:
sim...
=Cáh. Estado: Condensado de Bose-Einstein diz:
e ela estará sempre lá
Felipe diz:
se o sol não voltar ela vai estar lá, se a estrela precisar de luz ela vai estar lá
=Cáh. Estado: Condensado de Bose-Einstein diz:
sim
=Cáh. Estado: Condensado de Bose-Einstein diz:
mais como pode existir um dia sem o sol?
=Cáh. Estado: Condensado de Bose-Einstein diz:
seria eternamente nublado?
Felipe diz:
um eclipse talvez, onde a lua tamparia o sol
Felipe diz:
mesmo q ele queira voltar ela pode atrapalhar
Felipe diz:
e num período de lua vivemos no mundo do sonho
Felipe diz:
ou pesadelos
Felipe diz:
esperando q amanheça, esperando q eles terminem... ou não
=Cáh. Estado: Condensado de Bose-Einstein diz:
sempre terá um pesadelo pra causar adrenalina, não importa o quão boa a estrela seja
=Cáh. Estado: Condensado de Bose-Einstein diz:
sem pesadelos nada tem graça, não teria emoções...
Felipe diz:
mas há um defeito no sol
Felipe diz:
por querer brilhar tanto, acaba impedindo q vejamos o brilho das estrelas
=Cáh. Estado: Condensado de Bose-Einstein diz:
os defeitos não estão no sol, nem na lua
=Cáh. Estado: Condensado de Bose-Einstein diz:
estão no universo
=Cáh. Estado: Condensado de Bose-Einstein diz:
e agora, o que o sol faz?
Felipe diz:
talvez ele espere um pouco antes de se por
Felipe diz:
apesar de ser contras as regras
Felipe diz:
da natureza
Felipe diz:
seria ,melhor deixar a lua respirar.

Parte II

_Tá vendo, o sol voltou.
_Sim, porem não tão amigável.
_Acho que é normal, as vezes alguma nuvem cobre ele, impedindo que ele apareça completamente.
_Eu sei, não gosto quando ele faz isso. Queria que ele estive lá todos os dias, mesmo sabendo que um dia eu ia me cansar.
_Eu te entendo, também sou assim.

A Brisa.

Parte I


_Sente a brisa? É forte.
_Sim, eu sinto. Parece que vai esfriar.
_Talvez.
_É estranho pensar que o sol poder se esconder do nada e a temperatura cair tão rapidamente.
_Verdade, mais talvez seja necessário o sol ir embora.
_É. Mais é triste que ele vá.
_Mas ele logo volta, ele sempre volta.
Se eu me deitar aqui
Se eu simplesmente me deitar aqui
Você deitaria comigo e iria esquecer o mundo?
Eu ainda não sei bem como dizer
como eu me sinto..

A falha.

É que por enquanto a metamorfose de mim em mim mesma não faz sentido. É uma metamorfose em que eu perco tudo o que tinha, e o que sou. E agora o que sou? Sou: estar de pé diante de um susto. Sou: o que vi. Não entendo e tenho medo de entender, o material do mundo me assusta, com seus planetas e baratas.

Terei toda a aparência de quem falhou, e só eu saberei se foi a falha necessária.

Domingo.

E é inútil procurar encurtar caminhos e querer começar já sabendo que a voz diz pouco, já começando por ser despessoal. Pois existe a trajetória, e a trajetória não é apenas um modo de ir. A trajetória somos nós mesmos. Em matéria de viver, nunca se pode chegar antes. A via-crucis não é um descaminho, é a passagem única, não se chega senão através dela e com ela. A insistência é o nosso esforço, a desistência é o prêmio. A este só se chega quando se experimentou o poder de construir, e, apesar do gosto de poder, prefere-se a desistência. A desistência tem que ser uma escolha. Desistir é a escolha mais sagrada de uma vida. Desistir é o verdadeiro instante humano. E só esta, é a glória própria de minha condição. A desistência é uma revelação.
O meu passado é tudo quanto não consegui ser. Nem as sensações de momentos idos me são saudosas: o que se sente exige o momento; passado este, há um virar de página e a história continua, mas não o texto.

quinta-feira, 16 de outubro de 2008

Fels/ saudades.

"Havia a levíssima embriaguez de andarem juntos,
A alegria como quando se sente
A garganta um pouco seca e se vê que, por admiração,
Se estava de boca entreaberta:
Eles respiravam de antemão o ar que estava à frente,
E ter esta sede era a própria água deles.
Andavam por ruas e ruas falando e rindo, falavam e riam para dar
Matéria peso à levíssima embriaguez que era a alegria da sede deles.
Por causa de carros e pessoas, às vezes eles se tocavam,
E ao toque - a sede é a graça, mas as águas
São uma beleza de escuras - e ao toque brilhava
O brilho da água deles,
A boca ficando um pouco mais seca de admiração.
Como eles admiravam estarem juntos!
Até que tudo se transformou em não.
Tudo se transformou em não quando eles quiseram
Essa mesma alegria deles.
Então a grande dança dos erros…
O cerimonial das palavras desacertadas.
Ele procurava e não via, ela não via que ele não vira,
Ela que, estava ali, no entanto.
No entanto ele que estava ali.
Tudo errou, e havia a grande poeira das ruas,
E quanto mais erravam, mais
Tudo só porque tinham prestado atenção,
Só porque não estavam bastante distraídos.
Só porque, de súbito exigentes e duros,
Quiseram ter o que já tinham.
Tudo porque quiseram dar um nome;
Porque quiseram ser, eles que eram.
Foram então aprender que,
Não se estando distraído o telefone não toca,
E é preciso sair de casa para que a carta chegue,
E quando o telefone finalmente toca,
O deserto da espera já cortou os fios.
Tudo, tudo por não estarem mais distraídos."







"Algum dia dividiremos a liberdade em fatias, e nos amaremos sem fome, em absurda alvorada..."

Ela.

Ela vive nas ruínas azuis
Ela tem desejos proibidos
Ela quer se esconder
Ela quer fugir
Ela quer parar...

08/01/08

Quando eu estiver mais pronta, caminharei de mim para os outros.
O meu caminho são os outros. Quando eu puder sentir o outro a partir de mim mesma,
estarei salva e compreenderei: eis o meu porto de chegada."




E dos meus olhos fechados desceram lágrimas que não enxuguei,
e da minha boca fechada nasceram sussurros
e palavras mudas que te dediquei...


A preferência é sempre para o lado imperfeito da situação, para ela perfeição de mais não passa de fantasia e sonhos inacabados.

Minha doce Clarice...

"Pois logo a mim, tão cheia de garras e sonhos,
coubera arrancar de seu coração a flecha farpada.
De chofre explicava-se para que eu nascera com mão dura,
e para que eu nascera sem nojo da dor.
Para que te servem essas unhas longas?
Para te arranhar de morte
e para arrancar os teus espinhos mortais,
responde o lobo do homem.
Para que te serve essa cruel boca de fome?
Para te morder e para soprar a fim
de que eu não te doa demais, meu amor,
já que tenho que te doer,
eu sou o lobo inevitável pois a vida me foi dada.
Para que te servem essas mãos que ardem e prendem?
Para ficarmos de mãos dadas,
pois preciso tanto, tanto, tanto -
uivaram os lobos e olharam intimidados
as próprias garras antes de se aconchegarem
um no outro para amar e dormir.
A garrafa de meia-noite toma-me vêm comigo as minhas memórias e tudo me volta
A garrafa de meia-noite fala verdadeiro o que quer fingem portanto posso ver um pouco mais claramente
Como cada movimento que você faz quando me beija tão cuidadosamente nas esquinas dos meus olhos sonhadores.
Tenho uma garrafa de meia-noite que vou bebendo de um gole
De um caminho a entrada toma-me aos tempos que tivemos antes
Quando todo sentido tão direito
Se só para esta noite tenho uma garrafa de meia-noite que vai tranqüilizar a minha dor
De todas essas sensações que me dirigem insano
Quando estou com você e tudo muito bom se só para esta noite
Adquiriu-se uma garrafa de meia-noite que vai à deriva na luz da vela onde posso encontrá-lo no seu tempo
Uma garrafa de meia-noite que esqueci como bom se sentiu para estar em um sonho como você teve-me
Ultimamente estive tropeçando quer estou recuperando-me
Mas penso que é só para esta noite.
Tenho uma garrafa de meia-noite que vou bebendo de um gole
De um caminho a entrada toma-me aos tempos que tivemos antes
Quando todo sentido tão direito
Se só para esta noite tenho uma garrafa de meia-noite que vai tranqüilidade a minha dor
De todas essas sensações que me dirigem insano.


[dando goles na garrafa de veneno tinto na esperança de esquecer os sentidos]

As duas faces.


Uma é tão confusa, a outra tão decidida.
Talvez seja por isso que elas se completam...




"Depois daquele encontro nos perdemos, o mundo deu as suas voltas,
mas pra mim ficou o mais importante, sua voz gravada na minha memória...
os presentes, as lembranças opcionais, isso é importante."

Respostas.

Ela prometeu voltar com respostas...

E assim fez...

Ao responder parecia estar realmente decidida, mas o clima metropolitano balançou.

Talvez não estivesse completamente certa do que queria, talvez ocorresse alguma mudança futuramente, mas ela deixou de lado e resolveu levar do jeito que dava...





Ela olha o mar, é o que pode fazer. Ele só lhe é limitado pela linha do horizonte, isto é, pela sua capacidade humana de ver a curvatura da terra.

quarta-feira, 15 de outubro de 2008

O ultimo poema.


Assim eu quereria o meu último poema.
Que fosse terno dizendo as coisas mais simples e menos intencionais
Que fosse ardente como um soluço sem lágrimas
Que tivesse a beleza das flores quase sem perfume
A pureza da chama em que se consomem os diamantes mais límpidos
A paixão dos suicidas que se matam sem explicação.

(Manoel Bandeira)

Crônicas des dias passados.

"Estranho como sinto a mesma coisa quando leio aqueles cartas. O tempo passou, o mundo mudou, um caos virou e nós ainda estamos aqui. Parados, perdidos...tentando achar algo que talvez nunca tenha se perdido.Ouvimos musicas antigas que nos deixam com saudade. Saudade de que? De uma vela que continua acesa e fingimos não ver... de uma garrafa de wisky guardada a anos... Gosto de como as coisas são, de como elas mudam... gosto de sentir o vendo gelado queimando o rosto nos dias frios, gosto do gosto amargo do café...quero senti-los agora. Quero ver as chamas consumindo meu passado e transformando-o em cinzas, não quero quero viver ouvindo as vozes dos amantes modernos me dizendo o que fazer, quero viver como se a vida fosse uma obra de arte daqueles que ninguem sabe como é"

Ausência.

Por muito tempo achei que a ausência é falta.
E lastimava, ignorante, a falta.
Hoje não a lastimo.
Não há falta na ausência.
A ausência é um estar em mim.
E sinto-a, branca, tão pegada, aconchegada nos meus braços,
que rio e danço e invento exclamações alegres,
porque a ausência assimilada,
ninguém a rouba mais de mim.

Carlos Drummond de Andrade

Pneumotorax.

Febre, hemoptise, dispnéia e suores noturnos,
A vida inteira que podia ter sido e que não foi.
Tosse, tosse, tosse.
...............................................................................
Mandou chamar o médico:
- Diga trinta e três.
- Trinta e três... trinta e três... trinta e três...
- Respire.
...............................................................................
- O senhor tem uma escavação no pulmão esquerdo e o pulmão direito infiltrado.
- Então, doutor, não é possível tentar o pneumotórax?
- Não. A única coisa a fazer é tocar um tango argentino.

domingo, 12 de outubro de 2008

Diálogo:

— E você, por que desvia o olhar?

Porque eu tenho medo de altura. Tenho medo de cair para dentro de você. Há nos seus olhos castanhos certos desenhos que me lembram montanhas, cordilheiras vistas do alto, em miniatura. Então, eu desvio os meus olhos para amarra-los em qualquer pedra no chão e me salvar do amor. Mas, hoje, não encontraram pedra. Encontraram flor. E eu me agarrei às pétalas o mais que pude, sem sequer perceber que estava plantada num desses abismos, dentro dos seus olhos.

quarta-feira, 8 de outubro de 2008

22:12 PM

"Eu vivi sonhos...
Leve com você só o que foi bom.
Fica em paz que eu me viro bem."

São Paulo, 8 de outubro de 2008. [Pensamentos de hoje]

Devo ir embora agora, esquecer das coisas que acontecem sem que eu perceba, das minhas memórias que voltam para assombrar meus dias, daquela saudade doída no fundo da alma. Existem certezas por trás de panos, que nunca serão confiscadas e palavras guardadas que nunca serão esquecidas. Só o que quero agora é poder dormir em paz, ter um sono profundo que me faça esquecer as possíveis mágoas.




Porque se ele estivesse aqui, eu não sei o que eu faria de mim mesma.

quinta-feira, 2 de outubro de 2008

De 20 de setembro à 2 de outubro.

O futuro se adiou mais uma vez, causando essa confusão, tanta coisa a se dizer mas fica engasgado, profundamente... Fazia tanto tempo que eu não me sentia assim... não consigo chorar, nem sei se eu precisava chorar agora. Já passou tanto tempo, a ausência amenizou esse sentimento desordenado. O que importa é que você está feliz, queria poder te ver sorrir, não, na verdade eu não quero te ver, lembranças são bonitas, a realidade nem tanto. A muito tempo não faço sentido, o egoísmo fica brigando com a minha consciência, melhor não estar presente nesse campo de batalhas. "A paz que se quer a ausência vai dar". Tomara...

Momentos.

Foram só momentos...
Mas o que é a vida senão momentos?
As vezes dura muito e com intensa existência.
Não sei como te trazer de volta e isso realmente dói.







As vezes a saudade é tão profunda que a presença é pouco.