quinta-feira, 29 de outubro de 2009

O ciclo.


“Todos os dias o ciclo se repete, às vezes com mais rapidez, outras mais lentamente. E eu me pergunto se viver não será essa espécie de ciranda de sentimentos que se sucedem e se sucedem e deixam sempre sede no fim."







"Me explica, que às vezes tenho medo. Deixo de ter, como agora, quando o vento cessa e o sol volta a bater nos verdes. Mesmo sem compreender, quero continuar aqui onde está constantemente amanhecendo."







"Essa morte constante das coisas é o que mais dói"

Sem Controlar.


"E uma compulsão horrível de quebrar imediatamente qualquer relação bonita que mal comece a acontecer. Destruir antes que cresça. Com requintes, com sofreguidão, com textos que me vêm prontos e faces que se sobrepõem às outras. Para que não me firam, minto. E tomo a providência cuidadosa de eu mesmo me ferir, sem prestar atenção se estou ferindo o outro também. Não queria fazer mal a você. Não queria que você chorasse. Não queria cobrar absolutamente nada. Por que o Zen de repente escapa e se transforma em Sem? Sem que se consiga controlar".









"Ando meio fatigado de procuras inúteis e sedes afetivas insaciáveis."

terça-feira, 27 de outubro de 2009

Nós.

"Porque já não temos mais idade para,
dramaticamente, usarmos palavras
grandiloqüentes como "sempre" ou "nunca".
Ninguém sabe como, mas aos poucos
fomos aprendendo sobre a continuidade
da vida, das pessoas e das coisas. Já não
tentamos o suicídio nem cometemos
gestos tresloucados. Alguns, sim - nós, não.
Contidamente continuamos. E substituímos
expressões fatais como "não resistirei" por
outras mais mansas, como "sei que vai passar".
Esse é o nosso jeito de continuar, o mais
eficiente e também o mais cômodo, porque
não implica em decisões, apenas em paciência.”








"Eu tinha a impressão de viver dentro de uma enorme e vazia bola de gás, em constante rotação."

segunda-feira, 26 de outubro de 2009

Parar de pensar.


Eu não consigo parar de pensar;
Pensar, pensar, pensar, pensar, pensar, pensar, pensar, pensar, pensar, pensar, pensar, pensar, pensar, pensar, pensar, pensar, pensar, pensar, pensar, pensar, pensar, pensar, pensar, pensar, pensar, pensar, pensar, pensar, pensar, pensar, pensar, pensar, pensar, pensar, pensar, pensar, pensar, pensar, pensar, pensar, pensar, pensar, pensar, pensar, pensar, pensar, pensar, pensar, pensar, pensar, pensar, pensar, pensar, pensar, pensar, pensar...







...pensar em tudo que aconteceu ontem.
Eu despertei.

sexta-feira, 23 de outubro de 2009

Reflections of a Skyline.


"E eu quero brincar de esconde-esconde, te emprestar minhas roupas, dizer que amo seus sapatos, sentar na escada enquanto você toma banho, e massagear seu pescoço. E beijar seu rosto, segurar sua mão e sair p'ra andar. Não ligar quando você comer minha comida, e te encontrar numa lanchonete p'ra falar sobre o dia. Falar sobre o seu dia e rir da sua, sua paranóia. E te dar fitas que você não ouve, ver filmes ótimos, ver filmes horríveis. E te contar sobre o programa de TV que assisti na noite anterior e não rir das suas piadas. Te querer pela manhã, mas deixar você dormir mais um pouco. Te dizer o quanto adoro seus olhos, seus lábios, seu pescoço, seus peitos, sua bunda. Sentar na escada, fumando, até seus vizinhos chegarem em casa, sentar na escada, fumando, até você chegar em casa. Me preocupar quando você está atrasado, e me surpreender quando você chega cedo. E te dar girassóis e ir à sua festa e dançar. Me arrepender quando estou errado e feliz quando você me perdoa. Olhar suas fotos e querer ter te conhecido desde sempre. Ouvir sua voz no meu ouvido, sentir sua pele na minha pele, e ficar assustada quando você se irrita. Eu digo que você está linda, e te abraçar quando você estiver aflita, e te apoiar quando você estiver magoada, te querer quando te cheiro, e te irritar quando te toco e choramingar quando estou ao seu lado. E choramingar quando não estou. Debruçar-me no seu peito, te sufocar de noite e sentir frio quando você puxa o cobertor e sentir calor quando você não puxa. Me derreter quando você sorri, me desarmar quando você ri. Mas não entender como você pode achar que estou rejeitando você quando eu não estou te rejeitando, e pensar como você pôde pensar que eu te rejeitaria. E me perguntar quem você é, mas te aceitar do mesmo jeito. E te contar sobre o "tree angel", "o menino da floresta encantada" que voou todo o oceano porque ele te amava. Comprar presentes que você não quer e devolvê-los denovo. E te pedir em casamento, e você dizer "não" denovo mas continuar pedindo, porque embora você ache que não era de verdade mas sempre foi sério, desde a primeira vez que pedi. Ando pela cidade pensando. É vazio sem você mas eu quero o que você quiser e penso. Estou me perdendo, mas vou contar o pior de mim e tentar dar o melhor de mim porque você não merece nada menos que isso. Responder suas perguntas quando prefiro não responder, e dizer a verdade mesmo que eu não queira, e tentar ser honesto porque sei que você prefere. E achar que tudo acabou, espera só mais dez minutos antes de me tirar da sua vida. Esquecer quem eu sou e me deixar tentar chegar mais perto de você. E de alguma forma, de alguma forma, de alguma forma compartilhar um pouco do irresistível, imortal, poderoso, incondicional, envolvente, enriquecedor, agregador, atual, infinito amor que eu tenho por você."

quinta-feira, 15 de outubro de 2009

Não se apaixone.


Todos os dias ao acordar, Alice via seu amor e sempre que o via pensava repetidas vezes: "Aconteça o que acontecer, só não se apaixone.", "Aconteça o que acontecer, só não se apaixone.", "Aconteça o que acontecer, só não se apaixone."...











Por que ela sabia o que poderia lhe causar dor... sabia e tinha medo.

quinta-feira, 8 de outubro de 2009

Repito.


"Repito sempre: Sossega, sossega - o amor não é para o teu bico."

terça-feira, 6 de outubro de 2009

Menino meu.


"Todo dia que nascer
Será cada vez melhor
Alegria e sofrer vão fazer você mais forte
A cada alvorecer
Quanto mais perto da morte
Mais certo do que ser
Toda noite que se for
Vai trazer um sol mais nítido
Cada dia após mês
Como numa gravidez
Vai fazer você crescer
E há de ser mais feliz
Bem mais feliz
Porque é assim que é
E assim é que vai ser
Porque eu imaginei
Porque assim desejei
Para você
Vai ser cada vez melhor
Porque tem o meu amor
Todo dia até o fim
Sempre cada vez mais simples."

segunda-feira, 5 de outubro de 2009

Momento.


Às vezes me espanto e me pergunto como pudemos a tal ponto mergulhar naquilo que estava acontecendo, sem a menor tentativa de resistência. Não porque aquilo fosse terrível, ou porque nos marcasse profundamente ou nos dilacerasse - e talvez tenha sido terrível, sim, é possível, talvez tenha nos marcado profundamente ou nos dilacerado - a verdade é que ainda hesito em dar um nome àquilo que ficou, depois de tudo. Porque alguma coisa ficou. E foi essa coisa que me levou há pouco até a janela onde percebi que chovia e, difusamente, através das gotas de chuva, fiquei vendo uma roda-gigante. Absurdamente. Uma roda-gigante. Porque não se vive mais em lugares onde existam rodas-gigantes. Porque também as rodas-gigantes talvez nem existam mais. Mas foram essas duas coisas - a chuva e a roda-gigante -, foram essas duas coisas que de repente fizeram com que algum mecanismo se desarticulasse dentro de mim para que eu não conseguisse ultrapassar aquele momento.








"Estou sentindo uma clareza tão grande que me anula como pessoa atual e comum: é uma lucidez vazia, como explicar? Assim como um cálculo matemático perfeito do qual, no entanto, não se precise."

Ao adormecer.


Ao adormecer,
abrace forte o travesseiro
e pense em mim.
Eu, tão longe de ti,
farei o mesmo
e ficaremos assim.










Para fingir que tudo está bem.

Outra coisa.


"Amor não mata. Não destrói, não é assim. Aquilo era outra coisa."