
"I could have been someone
well so could anyone
you took my dreams from me
when I first found you."
Hoje lendo uns poemas me lembrei de algumas fases da vida, coisas que me fizeram pensar e sentir saudades.
Lembrei-me da menina boba que achava que dirigia o carro do pai com 3 anos de idade, da corrida de bicicleta pela casa e do medo que minha mãe sentiu de eu cair da escada e me detonar inteira, de enfiar as mãos no vidro da porta, de brincar com a vizinha da frente, de cair no chão brincando de paga pega e ralar o rosto todo, de ganhar brinquedos, de jogar bola na rua... Lembrei da menina que queria ser diferente, que pintava o cabelo de colorido, que sonhava com um amor de filme, que não tinha medo dos sentimentos e que achava que a vida era mais fácil. Lembrei da menina que sofreu por amor, que brigou com as melhores amigas, que deixou tantas coisas para trás, que em algum dia só se importou com o seu cigarro, com a sua bebida e com o ser estranho que habitava seu coração.
Não me orgulho de muitas coisas das quais fiz até hoje, mas me sinto extremante satisfeita por hoje eu ser o que eu sou e por cada dia que passa eu perceber que sou mais forte e mais resistente do que eu imaginava. Olhando da infância em diante, pude perceber o quanto eu mudei, o quanto eu fechei o meu mundo e o quanto eu quero deixá-lo fechado. Sofrimentos nos deixam assim... Eu calejei, quando se bate muito em uma tecla a gente se acostuma com o som... Já bati em teclas de mais, já bateram em teclas de mais e meu teclado desgastou, calejou, hoje não o sinto mais... Pensando bem, eu sinto. Uma vontade absurda de cometer minhas próprias loucuras, de fazê-las sem pensar nas consequências, por que com esse mundo eu já me acostumei e não me importo mais.
Eu não estou aqui para escrever nenhuma declaração de amor.
Acrescento também que não te mandarei mais emails, não telefonarei, não escreverei cartas, nem poemas, nem crônicas, nem textos babacas. Guardarei todos os presentes que você me deu, as cartas, os desenhos. Apagarei seus emails, seus recados, suas fotos, seu telefone. Deixarei de usar aquele tênis que você me deu. E se um dia se eu precisar de algo ou se eu simplesmente sentir saudade deste momento da minha vida eu olharei, mas agora não. Agora eu não consigo suportar qualquer coisa que lembre você, eu não gosto de ouvir sobre esse nosso passado. Foi real, teve muitas coisas boas e muitas ruins que marcaram profundamente e que me incomoda muito.
Embora eu esteja com essa preguiça toda eu ainda penso em você com carinho e tento levar as coisas como se tudo estivesse como antes. Como se nada tivesse acontecido. Sem essas brigas estúpidas, essas caras de merda, as arrogâncias... É meu amigo, as coisas andam bem complicadinhas, mas a gente agüenta, eu já passei por coisas piores e esse negocio de amor acaba fácil, não é estória não, quando as coisas chegam nesse ponto, acaba mesmo e a gente nem percebe. Eu sei o quanto você é forte e capaz de agüentar esse tranco, só espero que você não esteja se enganando por que ai seria bem pior. Só uma coisa meu bem, pense muito bem antes de falar as coisas, especialmente as que envolvem sentimentos. Tem gente que ainda os tem e sofre dependendo da situação.
Sempre te achei um pouco pessimista e redundante, você sempre ia pro pior lado da situação e por mais que o tempo passasse era sempre a mesma coisa, você sempre decidia a mesma coisa. Não que isso me incomode agora, sabe aquela velha frase “parta para outra”?, parti. Não era isso que nós precisávamos? Pois é. Acho que toda essa coisa de resolver uma situação, de ter uma conversa, só ferrou com a nossa vida. A situação toda estava bem diante do nosso nariz e só não enxergamos por que estávamos de olhos fechados fingindo ter algum sentimento. Mesmo assim ainda teremos aquela famosa conversa olhos nos olhos para fingir que vamos resolver alguma coisa. E vamos. Porque eu estou cansada de mais para tentar levar as coisas como se estivesse carregando um cachorro desorientado.
Ainda assim, como já citei não te desejo mal algum, pelo contrario. Desejo sorte, saúde, paz...blábláblá...aquelascoisastodas que você falou no meu aniversário. Afinal, ainda acho que você sempre foi o meu porto de chegada. E embora tudo tenha chegado onde chegou eu ainda tenho alguma admiração por você.